29.12.15

Sobre Neverness, de Ana Teresa Pereira


«Paira sobre a escrita de Ana Teresa Pereira, há muitos anos, a sombra de uma ameaça. Que ameaça? A do esgotamento de certas ideias e imagens que reaparecem sistematicamente na sua obra, com variações mínimas. Ora esse pretenso esgotamento está longe de acontecer porque as repetições não nascem de uma limitação criativa, antes dos próprios pressupostos ficcionais da escritora. (…) Na segunda novela, “A Primeira Noite de Quietude”, mais complexa, mais densa, tudo gira em torno de Kate. Como outras protagonistas em livros recentes, ela é uma actriz falhada, ex-bailarina que certo dia se feriu num tornozelo, livreira que ama edições antigas. Na sua vida há vários tempos e, em cada um deles, um homem. O problema está na forma como estes três círculos se sobrepõem e não se fecham, empurrando-a para um reduto de vulnerabilidade máxima, semelhante ao estado de quem na representação teatral, se transforma noutra pessoa, esse limite onde a personalidade arrisca “partir-se” de vez, caindo na loucura.» [José Mário Silva, E, Expresso, 24/12/2015]


Sem comentários:

Enviar um comentário