9.10.15

Isabel Lucas entrevista Rachel Kushner, que vai estar presente no Folio, Festival Literário de Óbidos




«Em vésperas de estar em Portugal onde vai participal no Folio, o Festival de Literatura de Óbidos que começa no  dia 15, e pouco depois de editar por cá o seu primeiro romance, Kushner falou da admiração que sente por Roberto Bolaño e o modo como ele deixa que as personagens tomem conta da acção, do quanto é doloroso escrever antes de encontrar o tom, da preocupação com a forma, do gosto pela velocidade, de coisas que não cabem no espaço de uma entrevista onde disse, sobretudo, o que a motiva na escrita: uma espécie de entendimento sobre as pessoas num lugar e num tempo.

— Uma das suas personagens mais controversas em Telex de Cuba diz que o ingrediente especial para tornar a carne tenra é a contradição. Isso é valido para a literatura?

Talvez. Pelo menos podem-se arranjar argumentos muito interessantes em defesa disso. Não costumo passar receitas sobre o que é bom para a literatura mas acho a contradição muito útil para atingir uma energia criativa. Parece que se chega a alguma coisa mais parecida com a verdade se olharmos as coisas por uma via em que não se possam facilmente reconciliar-se. A vida contemporânea quer que funcionemos sem reconciliação, através de grandes contradições. Viver numa sociedade capitalista e ao mesmo tempo pensarmos em nós como pessoas com uma ética requer grande contradição. Gosto de pensar nas contradições quando escrevo. » [ípsilon, 9/10/15]

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