Paolo Giordano, autor de A Solidão dos Números Primos,
falou com Catarina Homem Marques, da revista Sábado, a propósito de Negro
e Prata, o seu último livro, recentemente publicado pela Relógio D’Água.
«Segundo o esquema dos quatro humores fixado por Cláudio Galeno,
o narrador de Negro e Prata tem o organismo desequilibrado por um
excesso de bílis negra. É melancólico, pessimista. Já Nora, pelas contas do
marido, tem uma bílis de prata fundida, “o mais claro de todos os metais, o
melhor de todos os condutores”. O problema é que os organismos são fechados e,
por muito que se amem, vivem separados. Pior ainda quando o humor que os
equilibrava, o da Senhora A., ama do filho e mãe honorária da família, está
prestes a desaparecer.
Ao terceiro romance, o italiano Paolo Giordano encontra uma
outra forma de confrontar a solidão também presente no bestseller A
Solidão dos Números Primos. Doutorado em Física, aos 32 anos passou a viver
da escrita e a aplicar o pensamento científico apenas às relações humanas.
Este livro é mais sobre as dificuldades de um casal ou sobre
a morte?
Começou por ser uma reflexão sobre a morte, sobre se é
possível prepararmo-nos para ela. A única personagem importante na primeira
versão era a Senhora A. Depois percebi que estava igualmente interessado na
forma como a sua vida e a morte serviam de espelho deste jovem casal a
enfrentar os desafios diários de um casamento. Tive de voltar a escrever o
livro quase do início.» [Sábado, 21-5-2015]
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