«Para as companhias de navegação
aérea tratava-se duma luta de velocidade com os outros meios de transporte.
(…) Gosto
do primeiro livro de Saint-Exupéry, mas deste gosto mais. Em Correio do Sul,
às recordações do aviador, registadas com uma precisão surpreendente,
misturava-se uma intriga sentimental que aproximava de nós o herói. Tão faminto
de ternura, como o sentíamos humano, vulnerável! O herói de Voo Nocturno,
conquanto não desumanizado, eleva-se até uma virtude sobre-humana. Creio que o
que me agrada mais nesta narrativa vibrante é a sua nobreza. As fraquezas, os
abandonos, as quedas do homem, conhecemo-las sobejamente, e a literatura dos
nossos dias é por demais hábil a denunciá-las; mas é sobretudo desta superação
de si que a vontade tensa obtém que temos necessidade que nos mostrem.
(…) O
que conta, Saint-Exupéry conta-o “com conhecimento de causa». O afrontamento
pessoal dum perigo frequente dá ao seu livro um sabor autêntico e inimitável.”»
Do Prefácio de André Gide
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