5.6.13

Rimas de Berço, de Paula Rego




Aos dez anos, Paula Rego entrou para o Colégio Inglês, onde recitou estes versos pela primeira vez. Agora, já com netos, redescobriu-os para executar uma série de gravuras, que poderiam ter sido feitas por uma criança, espontaneamente, desenhando directamente na tela, sem qualquer estudo prévio. Propositadamente, não se distanciou da ilustração, por querer recuperar uma categoria artística normalmente considerada humilde e homenagear artistas vitorianos como John Tenniel, que criou Alice, o pintor demoníaco Arthur Rackham, e Beatrix Potter, que também amava os animais e os defendeu – contra os jardineiros. Como todos eles, Paula Rego trata o fantástico de um modo real, veste animais com roupa de gente e apresenta deslocações de escala, como se se tratasse de um sonho. Estas rimas atraíram-na também porque é uma especialista a usar o humor como meio para confrontar o terror: «Eu pinto para dar um rosto ao medo», disse ela.

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