«Quem nunca roubou não vai me
entender. E quem nunca roubou rosas, então é que jamais poderá me entender.
Eu, em pequena, roubava rosas. (…) O que é que fazia eu com a rosa? Fazia
isso: ela era minha. (…) Também roubava pitangas. (…) Nunca ninguém soube. Não
me arrependo: ladrão de rosas e de pitangas tem cem anos de perdão. As
pitangas, por exemplo, são elas mesmas que pedem para ser colhidas, em vez de
amadurecer e morrer no galho, virgens.» [Clarice Lispector, «Cem anos de perdão»,
in A Descoberta do Mundo]
Por acordo
com a editora Relógio D’Água, o Ípsilon
vai publicar nove crónicas de Clarice Lispector, ou seja, uma por semana
durante a Exposição que lhe é dedicada na Fundação Calouste Gulbenkian. Os
textos são extraídos de A Descoberta do
Mundo.
Hoje, 10 de
Maio, foi publicada «Cem anos de perdão», de que acima se reproduz um
excerto.
Sem comentários:
Enviar um comentário