5.3.13

Elisabeth Badinter






Trinta anos depois da edição de O Amor Incerto [também publicado pela Relógio D’Água, uma obra em que a autora se debruça sobre o amor maternal: é um instinto de «natureza feminina» ou resulta de um comportamento social, variando ao longo das épocas e dos costumes?] assiste-se a uma verdadeira guerra ideológica subterrânea cujas consequências para as mulheres não são ainda inteiramente perceptíveis. O regresso em força do naturalismo, que realça de novo o conceito de instinto maternal constitui, na opinião de Elisabeth Badinter, um perigo para a emancipação das mulheres e a igualdade dos sexos. Perante a insistência com que se afirma que uma mãe deve dar tudo ao seu filho, o seu leite, tempo e energia, é inevitável que muitas mulheres hesitem, e recuem até, perante tais obstáculos. Algumas delas encontram a plena realização na maternidade, mas um número crescente, pelo menos nas sociedades ocidentais, acabam mais tarde ou mais cedo por fazer um balanço dos prazeres e dos sacrifícios que as aguardam. Num dos pratos da balança está uma experiência insubstituível, o amor dado e recebido e a importância de transmissão. No outro, as frustrações e stress e por vezes o sentimento de fracasso. Se numerosas mulheres europeias decidem não ter filhos, é porque tencionam realizar-se à margem da maternidade, tal como ela lhes é imposta. Muitas outras decidem não desistir de ser mães defendendo os seus desejos e a sua vontade contra o discurso de culpabilidade que persegue as mulheres que rejeitam a maternidade enquanto sacrifício.

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