«Ao contrário do seu primeiro romance [Perto do Coração Selvagem], escrito em fragmentos, saltando
constantemente de uma cena para a outra, O
Lustre é um conjunto coerente. Apesar de os seus extensos segmentos
descreverem propositadamente acontecimentos, consistem sobretudo em longos
monólogos interiores, interrompidos apenas por um singular e perturbador
fragmento contendo diálogo ou acção. O livro progride em ondas lentas que se
elevam, alterosas, nos momentos de revelação. As páginas entre estas epifanias
são precisamente os momentos em que o livro se torna mais intolerável para o
leitor, que é forçado a seguir o movimento interior de outra pessoa com um
detalhe microscópico. Acostumado às epifanias, esperando estímulos e surpresas
permanentes, o leitor que aborde o livro pela primeira vez depressa se sente
desconcertado.
Porém, a intensidade glacial do livro exerce um fascínio
particular.
(…) Só quando lido devagar, reflectidamente, e sem
distracções, três ou cinco páginas de cada vez, é que O Lustre revela o seu carácter penetrante.» [Benjamin Moser, Clarice
Lispector — Uma Vida]
A
galdéria, o soldado e a criada, o jovem cavalheiro, a jovem senhora e o seu
marido, este marido e a doce donzela — o segundo deixando a primeira pela
terceira que sorri para o quarto e assim de seguida até ao conde que troca a
actriz pela galdéria, fechando assim a ronda. O que leva estas personagens a
agir assim?
Em dez breves diálogos, A
Ronda apresenta-nos, com perspicaz desenvoltura, o essencial da magia do
coração e dos sentidos.
Desde 1905 que circulavam rumores em Viena sobre uma obra
«licenciosa» que Arthur Schnitzler teria escrito. Era A Ronda, que nenhum teatro se atreveu a encenar e começou por ser
divulgada em edição de autor.
Foi preciso esperar por 1921, depois do colapso do Império
Austro-Húngaro, para que a peça pudesse ser representada em Viena, causando
grande escândalo.
Arthur Schnitzler nasceu em Viena em 1862. Depois de ter
terminado Medicina, dedicou-se ao teatro, tendo-se tornado famoso aos 33 anos
com Liebelei.
Paralelamente à sua obra de dramaturgo, escreveu várias
novelas, romances e livros de aforismos, entre os quais O Tenente Gustl, A História
de Um Sonho e Relações e Solidão.
Schnitzler relacionou-se com Freud, que admirava as suas
obras.
O autor de A Ronda
faleceu em 1931.
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