«O Bosque da Noite ficou concluído em 1932, quando Djuna vivia em Londres. É uma reflexão amarga dos anos parisienses (1920-31), bem como dos equívocos, possibilidades e limites da itinerância sexual. Djuna, que teve amantes de ambos os sexos, sabe do que fala. O tom elíptico não diminui a pulsão trágica (Eliot vai ao extremo de citar a tradição isabelina), nem disfarça a relação conflituosa que manteve com Thelma Wood: "No coração de Nora repousava o fóssil de Robin, entalhe da sua identidade, e à sua volta, para que se conservasse, corria o sangue de Nora." (...)
Tensa como um arco, a escrita extremamente elaborada de Djuna denota sentido de equilíbrio e acidez bem calibrada. O mais próximo que encontramos da retórica não tem uma palavra a mais: «o amante tem de ir contra a natureza para encontrar o amor.» Não admira que Susan Sontag tenha dito que era assim que queria escrever. Não é pequeno mérito que tudo isso seja feito sem beliscar as regras (e os matizes) do simbolismo-decandentista.»
[Eduardo Pitta, Da Literatura, 16JUL2010]
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