«Eu acredito que há um inconsciente do livro. A partir de certa altura começo a senti-lo. Uma frase que surge inesperadamente. Um gesto que ganha um novo sentido. Existe algo lá no fundo que por vezes vem até à superfície.
E então todas as frases se tornam misteriosas. Todas as palavras se tornam estranhas. De certa forma, é uma língua desconhecida.
E apaixono-me profundamente pelo livro.
[...]
Se um escritor está em total sintonia com o livro, esse é quase um estado de consciência alterada. E o que é mais estranho é que o escritor pode forçar a realidade. Pode invocar as suas personagens (e foi num teatro de Londres que uma das minhas personagens se veio sentar ao meu lado). Pode entrar numa livraria numa cidade desconhecida e encontrar o livro ou a gravura de que precisava. Entrar numa loja de ícones, atravessar uma ponte, ver um gato num barco e sentir que aquilo faz parte do livro.
Sou capaz de usar uma pessoa. O escritor de Intimações de Morte é inspirado num escritor real, e lembro-me de que usei frases dele e fragmentos das suas cartas.
E sou capaz de tudo para defender o livro que estou a escrever do mundo exterior.»
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Se um escritor está em total sintonia com o livro, esse é quase um estado de consciência alterada. E o que é mais estranho é que o escritor pode forçar a realidade. Pode invocar as suas personagens (e foi num teatro de Londres que uma das minhas personagens se veio sentar ao meu lado). Pode entrar numa livraria numa cidade desconhecida e encontrar o livro ou a gravura de que precisava. Entrar numa loja de ícones, atravessar uma ponte, ver um gato num barco e sentir que aquilo faz parte do livro.
Sou capaz de usar uma pessoa. O escritor de Intimações de Morte é inspirado num escritor real, e lembro-me de que usei frases dele e fragmentos das suas cartas.
E sou capaz de tudo para defender o livro que estou a escrever do mundo exterior.»
[Entrevista conduzida por Rui Catalão, Ípsilon, 2JUL2010]
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