28.6.10

Pedro Serrano sobre a tradução de Canções I e II de Bob Dylan


Pedro Serrano relata a sua experiência como tradutor, juntamente com Angelina Barbosa, das Canções de Bob Dylan - do convite do editor às agruras inerentes à opção, sob a égide de Vladimir Nabokov, pela literalidade na tradução.



«Uma tarde, no final do Verão de 2005, telefonou-me o Francisco Vale, editor e proprietário da Relógio d’Água: “Não queres traduzir para português a obra lírica completa do Bob Dylan? Estou a pensar comprar os direitos aos americanos…” Para lá do baque, tentei ganhar tempo: "Deixa-me pensar uns dias..."»

«Metemos Dylan na cabeça como uma obsessão, como uma maldição: comprei os muitos discos que ainda não tinha, encomendei livros, passei dois anos embebido na sua música e embrenhado na leitura do que ele tinha escrito, do que se tinha escrito sobre ele e sobre a sua obra. E, agarradas às suas músicas, às suas letras, vinha o caldo a partir de onde tudo aquilo explodira: as influências literárias, musicais, cinematográficas, as musas; e, como consequência, lá estávamos nós a ler sobre poesia inglesa, baladas escocesas e irlandesas, sobre blues e lendas dos blues, a rever Fellini, Hitchcock e Scorsese. Até debruçados sobre coisas aparentemente menos do domínio das artes como activistas políticos, gangsters, jogadores de basebol e pugilistas, pois Dylan tudo cantou, como qualquer songster que se preze.»

[A ler no blog de Pedro Serrano: Sem Compromisso]

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