4.9.20

De Obra Poética, de Federico García Lorca

 


«Ao tanque hoje morreu

uma menina de água.

Está fora do tanque,

no chão amortalhada.


Desde a cabeça às coxas

um peixe a cruza e chama-a.

O vento diz "menina"

mas não pode acordá-la.


O tanque mantém soltos

os seus cabelos de algas,

e ao ar seus seios pardos

todos trémulos de rãs.


Deus te salve. Rezaremos

a Nossa Senhora de Água

pla menina do tanque

morta sob as maçãs.


Depois ponho a seu lado

duas frágeis cabaças

para que fique a flutuar,

ai!, sobre o mar salgado.» [p. 34]


Obra Poética de Federico García Lorca está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/obra-poetica-de-garcia-lorca/

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