19.8.21

Sobre Sarrasine, de Honoré de Balzac

 



«Eu tinha mergulhado numa daquelas profundas meditações que se apoderam de qualquer pessoa, e até de um homem frívolo, no meio das festas mais tumultuosas. Acabava de bater a meia-noite no relógio do Elisée-Bourbon. Sentado no parapeito de uma janela, e escondido entre as pregas ondulantes de um reposteiro de tafetá, podia contemplar à minha vontade o jardim do palacete onde estava passando o serão. As árvores, parcialmente cobertas de neve, destacavam-se debilmente do fundo acinzentado de um céu nublado e um pouco esbranquiçado pela Lua. Vistas no contexto daquela atmosfera fantástica, assemelhavam-se vagamente a uns espectros mal embrulhados nas respectivas mortalhas, eram a imagem gigantesca da famosa dança dos mortos. E, ao virar-me para o outro lado, podia admirar a dança dos vivos!» [p. 9]


Sarrasine (trad. Pedro Tamen) e outras obras de Honoré de Balzac estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/honore-de-balzac/

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