9.1.24

De Neverness, de Ana Teresa Pereira

 


«A noite passada sonhei que tinha voltado à casa do avô. O jardim estava submerso em nevoeiro e o vento muito frio trazia‑nos os sons indistintos da charneca.

Nós brincávamos aos fantasmas.

— Não vêem um fantasma naquela janela?

Lizzie, Miranda, John e eu. Devíamos ter nove ou dez anos, como na altura em que nos conhecemos. A primeira vez que os nossos pais nos mandaram para a casa do avô, nas férias de Verão.

Era o tempo em que acreditávamos em seis coisas impossíveis antes do pequeno‑almoço. Mas nos primeiros dias nenhum de nós acreditava muito na existência da charneca: era uma palavra, um outro nome para o nevoeiro. Só duas semanas depois de termos chegado começou a dissipar‑se: à noite já víamos algumas estrelas, encostámo‑nos à janela da sala de estar e Lizzie contou‑as em voz alta.» [pp. 7-8]


Neverness e outras obras de Ana Teresa Pereira estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/ana-teresa-pereira/

Sem comentários:

Enviar um comentário