23.1.23

Sobre Fé, Esperança e Carnificina, de Nick Cave e Seán O'Hagan

 



«Fé, Esperança e Carnificina é um livro peculiar. Autobiografia fragmentária, reflexão sobre o ofício da música e os mistérios da criatividade, testemunho da luz que emerge da mais profunda escuridão. Foi nascendo durante o confinamento pandémico a partir de conversas telefónicas entre Cave e O’Hagan, jornalista com passado no NME e na Face, actualmente crítico de fotografia no Observer. Entre os de 2020 e de 2021, o jornalista e o músico que deixara há muito de dar entrevistas — “detesto-as. Toda a premissa por trás delas é tão aviltante: tens um novo álbum que acabou de sair, ou um novo filme para promover, ou um livro para vender”, diz logo na primeira página — falaram durante mais de 40 horas.

Dividido em 15 capítulos, sem vestígios de sequência cronológica, vagueia pela vida e pelos pensamentos de Cave para criar um retrato iluminador. Não é, como referimos acima, uma autobiografia, apesar de irmos lá atrás, ao isolamento da infância e adolescência em Wangaratta, de encontrarmos Anita Lane, de sermos expostos ao turbilhão criativo que foram os Bad Seeds, de conhecermos a origem de algumas canções ou de vermos relatados concertos, adições, fascínios e revelações. Não é, igualmente uma história oral ou um livro-entrevista, antes um objecto que cruza tudo isso. Será, porventura, um testamento artístico, da forma mais abrangente possível, dado que o ofício de músico, que Cave foi desde sempre, de escritor, que Cave foi ocasionalmente, de escultor, vocação descoberta recentemente, é apenas uma componente do que aqui nos lega.» [Mário Lopes, ípsilon, 20/1/2023: https://www.publico.pt/2023/01/20/culturaipsilon/noticia/confronto-prostracao-amor-furia-nick-cave-2035482]


Fé, Esperança e Carnificina (trad. Frederico Pedreira) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/fe-esperanca-e-carnificina-pre-publicacao/

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