«Até que ponto a morte do filho aos 11 anos modelou a obra de William Shakespeare? A pergunta, sem nunca ter sido formulada, está subjacente ao último romance da irlandesa Maggie O’Farrell, uma ficção que parte de factos pouco explorados na biografia do maior escritor de língua inglesa. “Na década de 1590, um casal vivia na Henley Street, em Stratford, teve três filhos: primeiro Susanna, e depois Hamnet e Judith, que eram gémeos”, lê-se na nota histórica que antecede o romance de O’Farrell. “O rapaz, Hamnet, morreu em 1596, aos onze anos. Cerca de quatro anos depois, o pai escreveu uma peça chamada Hamlet.”
O homem nunca é nomeado ao longo de todo o romance […] surge quase sempre através do olhar dos outros […]. A luz do livro incide sobre Agnes, a sua mulher, que partilha traços biográficos com a mulher de Shakespeare.
[…] É uma das cenas mais pungentes do livro onde a escritora irlandesa de 49 anos supera tudo o que até agora escreveu em ficção […]. Quanto a este Hamnet, é um livro a reter entre os que melhor simbolizam a arte de narrar a chamada pequena História. A história que conta vale pelo modo como é contada, numa simplicidade muito trabalhada, sem arrivismos literários, cultivando uma espécie de classicismo que ameaça torná-la intemporal.» [Isabel Lucas, ípsilon, Público, 6/8/2021: https://www.publico.pt/2021/08/05/culturaipsilon/noticia/morte-filho-shakespeare-1972851]
Hamnet, de Maggie O’Farrell (trad. Margarida Periquito), está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/hamnet/

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